domingo, 27 de março de 2011

Pequenas histórias, parte 1 de infinitas

Ela o esperava
deitada no sofá, ouvindo um CD de Jazz,
trajava uma sexi camisola de renda vermelha, por baixo disso, estava
nua.
o tecido vermelho fazia contraste perfeito com a pele imaculadamente
branca e aveludada,
cabelos soltos, corpo esticado em uma posição lânguida, ela o esperava.
essa noite ela queria surpreende-lo,
vinho gelando, morangos frescos, ambiente a meia luz,
música baixinha, um cheiro de incenso,
era o cenário perfeito para a transa louca que insistia em povoar seus
pensamentos.
ela o esperava. já haviam se passado mais de duas horas do horário
habitual de sua chegada,
será que ele estava bem?
será que aconteceu alguma coisa?
ela se perguntava, entre pensamentos que se mesclavam entre transas deliciosas e uma
preocupação amorosa.
até que enfim ele chegou,
ela ouviu com ansiedade crescente a chave girar, o fechar suave da
porta, os passos seguros dele na entrada,
já imaginava ele entrando de rompante, beijando-a com desejo, tirando
sua camisola vermelha e possuindo-a, ali mesmo, em cima do sofá.
já imaginava os sussurros, as carícias, e o calor aumentava entre suas
pernas.
ele apareceu na sala, ligou a luz bruscamente, e um pouco do encanto do
ambiente instantaneamente desapareceu,
disse um olá sem emoção, desligou o CD de Jazz e ligou a TV no futebol,
caminhou para a cozinha, voltou de lá trazendo uma generosa taça de
vinho e a tigela de morangos,
sentou-se no outro sofá, bebeu o vinho e comeu os morangos,
e só depois do futebol acabar, dos morangos e o vinho também terem
acabado foi que ele olhou para ela diretamente.
ria as gargalhadas dos trajes dela, chamou-a de inadequada, gorda e
muito velha para essas coisas,
ainda rindo, a fez levantar do sofá, ergueu a camisola e deu-lhe um
violento tapa no traseiro,
não preocupou-se em recolocar a camisola no lugar, e pediu para que ela
preparasse o jantar.
engolindo a frustração e o ódio ela foi para a cozinha, a raiva
fazendo-a borbulhar, preparou o jantar com o mesmo cuidado de sempre,
arrumou tudo em uma bandeja,
e antes de deixar a cozinha pegou o telefone,
ligou para aquele colega de trabalho encantador que a vários meses a
convidava insistentemente para sair,
arrependeu-se de nunca ter aceitado, bastou uma frase e tudo estava
feito,
foram poucas palavras ditas por ela,
apenas um:
" me espere amanhã após o expediente no motel da quadra ao lado."

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